Na atual conjuntura do agronegócio brasileiro, uma questão crucial se impõe aos produtores rurais: Qual é a produtividade mínima necessária para que a pecuária supere a rentabilidade do arrendamento? Através de uma análise realizada pela equipe da Agroplanner, chegamos ao resultado de: 24 arrobas por hectare ao ano.
Metodologia
Nossa pesquisa baseou-se em dados concretos do mercado atual:
- Valor do arrendamento em São Paulo: R$ 1.800/ha
- Preço médio da arroba: R$ 315
- Custos detalhados de produção tanto em sistemas de pasto quanto em confinamento
Estes parâmetros foram submetidos a uma análise, considerando as variáveis que impactam diretamente a rentabilidade da produção pecuária.
Os resultados
Os resultados de nossa análise revelam uma realidade desafiadora para o setor. Para atingir a meta de 24 arrobas/ha/ano, identificamos três fatores críticos que demandam otimização:
- Taxa de lotação (UA/ha)
- Ganho de peso diário (GPD)
- Eficiência na gestão do custo por arroba produzida
Nossa modelagem indica que, para alcançar essa rentabilidade almejada, é necessário manter uma média de 1,85 animais por hectare, resultando em uma lotação média de 1,35 UA/ha ao longo do período de produção.
Rentabilidade potencial
As propriedades mais eficientes analisadas em nosso estudo apresentaram resultados ainda mais expressivos:
- Lotação superior a 1,7 UA/ha
- Produção excedendo 30 arrobas por hectare
Nesses casos de excelência, observamos uma rentabilidade potencial superior a R$ 2.252,00 por hectare, demonstrando o potencial de rentabilidade do setor.
A má gestão
Propriedades que não atingem o patamar mínimo de 24 arrobas/ha/ano enfrentam uma série de desafios críticos:
- Ineficiência no uso de recursos: Terra, tempo e capital são subutilizados, reduzindo o retorno sobre o investimento.
- Perda de mercado: Enquanto algumas operações lutam para manter a viabilidade, concorrentes mais eficientes expandem sua participação no mercado.
- Comprometimento da sucessão familiar: Margens reduzidas ameaçam a sustentabilidade do negócio a longo prazo, pondo em risco o legado familiar.
Conclusão
Ao analisarmos os dados apresentados, uma realidade incontestável se revela: a pecuária brasileira está diante de um ponto de inflexão crítico. A meta de 24 arrobas/ha/ano não é apenas um número arbitrário, mas um limiar que separa as operações economicamente viáveis daquelas que, inadvertidamente, estão erodindo seu próprio patrimônio.
Cada hectare que produz abaixo desse patamar não está apenas deixando de gerar lucro; está ativamente consumindo o capital e o legado construído por gerações de pecuaristas dedicados. É uma situação que transcende a mera questão financeira, tocando no cerne da identidade e do propósito de cada produtor rural.
O futuro da pecuária não é algo que simplesmente acontecerá; é algo que construiremos com nossas decisões de hoje. Que essas decisões sejam baseadas em conhecimento, coragem e visão de longo prazo.
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